segunda-feira, 1 de novembro de 2021

ENGENHEIRO AGRÔNOMO

Tenho amor aos horizontes largos do campo, ao cheiro da terra, ao cair da chuva, à alegria do sol, às carícias do vento, ao cântico das aves e ao barulho das folhas causado pelo vento, a brisa das cachoeiras e ao turbilhar dos córregos e rios.


Tenho amor ao crescer das plantas, ao marulhar das searas, às ondas de ouro dos trigais maduros, ao desabrochar dos flocos de algodão, ao cheiro dos frutos maduros e ao brilho colorido das ervas ondulantes.


Tenho amor a todos os animais, grandes e pequenos, criados por Deus para auxiliar o homem; enternece-me a dedicação dos cavalos, a índole confiante dos carneiros, aos peixes no seu balé incansável em águas tranquilas ou em constante movimento, a docilidade das vacas e a serenidade dos porcos nas encerras e pocilgas. É a forma como agradecem o carinho e o cuidado com que são tratados.


Por amar essas coisas:

Creio na terra e na vida da gente do campo, nos seus anseios, nas suas aspirações e nas suas crenças, nas suas lutas e labutas, nas suas faculdades e forças para melhorar as condições de vida e criar um ambiente agradável para os que lhes são queridos.


Creio nos lavradores, nos pequenos agricultores, nos sem terras e lutadores, nos atingidos por barragens, ribeirinhos e pescadores, nos extrativistas e nos povos das Águas, Campos e Florestas, índios e quilombolas, como sólido esteio da nossa nação, reservatório inesgotável da sua prosperidade, cultura e tradição, a mais firme defesa contra os que, de dentro ou de fora, pretendem despojá-la.


Creio no direito do agricultor a um bem-estar maior, a um nível de vida que recompense o seu esforço, o seu trabalho e a sua perícia e o coloque em situação idêntica à dos que trabalham no comércio e na industria.


Creio no seu direito a colaborar com os vizinhos para a defesa de interesses comuns e creio nos benefícios da ciência posta a serviço do seu bom senso.


Creio na integridade dos lares rurais, na pureza do amor das moças e na influência que o lar deve ter sobre a cultura, a arte e a energia.


Creio nos jovens das águas, dos campos e das florestas, nos seus anseios e sonhos, no seu direito a receberem preparação intelectual, física e moral e a responderem ao apelo da Terra que reclama os seus braços.


Creio no meu trabalho, na oportunidade que me dá para ser útil, no que encerra do espírito de humanidade e de fraternidade, na luta diária e no cotidiano ousar, pensar, agir e lutar.


Creio nos serviços que presto, no direito das pessoas contarem com minha lealdade e o meu entusiasmo para propagar bons princípios e os ideais dos que buscam e encontram a verdade.


Creio em mim mesmo e humildemente, mas com toda a sinceridade, ofereço-me para auxiliar os homens, as mulheres e as crianças do meu Brasil a tornarem prósperas as suas terras, confortáveis e belos os seus lares, harmonioso e saudável o meio ambiente e assim, tornar útil a minha própria vida.


Por ter amor a todas estas coisas e por crer em tudo isto é que sou um Engenheiro Agrônomo.

 *Modificado por Cleberson Carneiro Zavaski (Binho Charrua), de um texto antigo achado em meio a anotações de um Engenheiro Agrônomo.