sexta-feira, 14 de outubro de 2011

CRIAÇÃO DE PIRARUCU EM CATIVEIRO É SUCESSO NO PERU

     Exemplo bem sucedido: sem agredir o meio ambiente e preservando a espécie, a carne do pirarucu “paiche” continua sendo muito apreciada em nosso país vizinho

     O PIRARUCU (ARAPAIMA GIGAS)  É CONSIDERADO O “BACALHAU DA ÁGUA DOCE”. SÓ PELO APELIDO, JÁ DÁ PARA IMAGINAR QUE SUA CARNE TEM GRANDE APRECIAÇÃO, NÃO É? POR ISSO A ESPÉCIE CHEGOU A CORRER SÉRIOS RISCOS DE DESAPARECER DAS ÁGUAS DA AMAZÔNIA, E NÃO SOMENTE A BRASILEIRA. PARA EVITAR A “TRAGÉDIA”, O NOSSO VIZINHO PERU DECIDIU INVESTIR NA CRIAÇÃO EM CATIVEIRO DESTE PEIXÃO QUE PODE PESAR 200 KG.

     Em território peruano o pirarucu é chamado de paiche. Assim como no Brasil, a espécie vinha sendo exterminada em grande escala pela PESCA predatória. E pior: indivíduos filhotes também eram abatidos sem o menor constrangimento. Dada a situação assustadora, em 2001, o Instituto de Ivestigaciones de La Amazonia Peruana (IIAP) decidiu que ao invés de proibir a PESCA, devia desenvolver a CRIAÇÃO da espécie em tanques redes. Assim, ninguém reclamaria da falta do “saboroso” pesca na mesa.

     Mas a tarefa não foi nada fácil. Os pesquisadores colheram filhotes da espécie para iniciar a reprodução dos mesmos em cativeiro. O primeiro desafio, segundo o presidente da IIAP, Luis Campos Baca, foi fazer com que os paiches se adaptassem a uma dieta balanceada, já que nos rios eles comiam peixes menores.

     Outra tarefa era preparar a terra do fundo das lagoas do que os peruanos chamam de “piscigranjas”. O pirarucu vive em águas turvas, com muito barro e pouco oxigênio, daí a necessidade do PEIXE subir até a superfície para respirar.

     No entanto, o mais difícil mesmo foi distinguir as fêmeas e os machos. Nos primeiros anos de vida era impossível saber o sexo da espécie. Esse problema já foi superado. “Encontramos uma proteína exclusiva das fêmeas e assim podemos separá-los”, revela Baca. Assim, o IIAP pode entregar filhotes de sexos distintos aos piscicultores, permitindo a reprodução em cativeiro.

Impulso!

     A descoberta do IIAP acabou impulsionando o surgimento de pequenas PISCICULTURAS na Amazônia Peruana, instaladas na orla da rodovia que vai de Iquitos a Nauta. No começo, apenas as cidades próximas das piscigranjas eram abastecidas com a carne do pescado produzido em cativeiro. Os restaurantes locais foram os primeiros grandes compradores.

     “A carne do paiche, além de ser deliciosa, é muito maleável, macia e sem espinhas. Por isso pode ser utilizada em uma grande variedade de pratos”, diz o cozinheiro e proprietário de um restaurante, Edgardo Rojas Prada, em entrevista ao jornal El Comercio.

Para a capital

     Como a carne do pirarucu é apreciada em larga escala no Peru, a comercialização do pescado tinha que chegar até a capital Lima. Uma das empresas de PISCICULTURA, Amazone, foi a pioneira a lançar-se nesse desafio, de fazer o transporte da região de selva até a costa, atravessando o país de um extremo ao outro. A missão foi superada.

     “O problema era manter a carne sempre bem conservada nesta longa viagem. Mas com muito cuidado e uma câmera fria eficiente, pudemos garantir um produto de ótima qualidade em nossa capital”, destaca o gerente operacional da Amazone, Gustavo Sakata.

     O sucesso da Amazone foi tanto, que hoje a empresa também exporta pequenos lotes do pescado para os Estados Unidos. Há poucas semanas, representantes da empresa foram até a França e garantiram a entrada do produto no mercado europeu. Por isso os peruanos já estão definindo que a carne do pirarucu se converteu num “produto bandeira” do país.

Cifras $$$

     Durante a Semana Santa, época de grande comercialização, o quilo do paiche em Iquitos custa 28 soles, cerca de US$ 7 (R$ 10,92 de acordo com a cotação desta quarta-feira, 3).

     Em dez anos, o IIAP capacitou 3.500 piscicultores, sendo que muitos deles se dedicam a criação de alevinos para abastecer empresas maiores.

     O paiche leva cinco anos para atingir sua maturidade sexual, o que deixa seu processo de reprodução bastante lento. Porém, os próprios peruanos admitem, que essa “demora” não é nada se comparada ao tempo que levaria para recuperar a população da espécie em seu habitat.

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